Zuenir Ventura é autor da obra que descreve uma época de grandes transformações em todo o planeta. 1968 talvez tenha sido o ano mais tumultuado de todo o século XX e com toda certeza deixou, para suas futuras gerações, uma lição de luta, amor e garra. Falando sobre política nacional e mundial, comportamento social (principalmente por parte dos jovens estudantes) e movimentos populares, Ventura consegue trazer um pouco do que foi aquele período para a sociedade de hoje, do agora.
Os novos comportamentos conjugais, as brigas, o ciúme, a troca de parceiros e tudo que norteia uma relação foi o foco dessa primeira parte do livro. A mulher não precisava mais continuar casada com o mesmo homem durante toda uma vida apenas para agradar a sociedade. Zuenir faz uma observação sobre isso e vê que a mudança no estilo das roupas também sofreu influências por conta da liberdade de escolha. As vestimentas passaram a ser mais ‘insinuantes’, denunciavam as curvas femininas como nunca se viu antes. Talvez isso fosse um reflexo dessa liberdade, pois muitas dessas mulheres acabavam sozinhas e as roupas eram uma das maneiras de chamar a atenção.
Outro tema abordado e bastante polêmico foi a sexualidade. Enquanto um casal se separava para formar novos relacionamentos, uma população bastante jovem se rebelava. Além das mulheres e suas roupas insinuantes, também surgem os homens com seus cabelos compridos. Aparecem os hippies e sua filosofia de paz e amor. O homossexualismo passou a ser motivo de preconceito. O sexo, que era um tabu até então, se torna assunto de mesas em bares e salões de festa.
O escritor também fala da juventude de 68 que passou a analisar e entender o chamado do mundo para uma nova época. Fala de como os movimentos juvenis surgiram por todo o mundo quase que simultaneamente. As penalidades sofridas foram muitas, mas todo o esforço foi deixado em forma de grandes conquistas para as gerações de hoje.
Em certo momento do livro, Zuenir escreve sobre um assunto que interessa a nós jornalistas. Data desse período o surgimento de um dos maiores veículos de comunicação: a televisão. Em 1968 ela ainda não era esse agente formador de opiniões que é hoje, mas já servia para cobrir eventos artísticos, especialmente os musicais. No Brasil, despontam artistas como Geraldo Vandré, Chico Buarque e outros que, através de sua música, faziam seus protestos discretos, já que a ditadura era opressiva o suficiente para, de certa forma, os convidar a ficarem calados.
Os movimentos dos estudantes por melhorias e mudanças no sistema de educação, as mulheres lutando para que seus direitos valessem de alguma coisa, a classe média e até a burguesia se aliando aos pobres em busca de um mundo melhor, as bandeiras chamando por liberdade e igualdade e todas as marchas, todos os protestos e até mesmo todas as mortes, fizeram daquele ano um ano que não teve fim. Um ano que serviu de impulso para grandes mudanças. Um ano que certamente não sairá da história.
Zuenir colocou em poucas páginas um ano inteiro, dezenas de acontecimentos e milhares de vida. Fez uma retrospectiva do passado e da herança que ele nos deixou. É um brilhante relato que embala a vida de gerações inteiras mesmo que de maneiras diferentes.
1 comentários:
Carla,
Não deixe de pular uma linha entre os parágrafos para que a leitura fique mais fácil.
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