sábado, 13 de setembro de 2008

Afinal, o que é cultura?


O conceito de cultura pode ser relativo considerando as mudanças ocorridas no significado dessa palavra ao longo do tempo. Anos atrás, ser uma pessoa culta era possuir um grande conhecimento erudito. A cultura era medida de acordo com o número de livros que uma pessoa lia, com o número de peças de teatro assistido por ela e até mesmo as músicas ouvidas por ela. Mas isso vem mudando e isso acontece porque a sociedade mudou e virou um organismo muito mais complexo. A estrutura familiar, o ambiente de trabalho e tudo relacionado à organização de um grupo humano mudou. Com isso, a definição de cultura ganhou novos ares.


De acordo com o livro de José Luiz dos Santos, a coexistência de múltiplas culturas marca a história do homem. Já aqui admitimos outro conceito de cultura: o de costumes e marcas históricas dentro de um determinado grupo humano. O escritor afirma que nós temos duas concepções básicas do que venha a ser cultura. A primeira delas diz respeito a todos os aspectos sociais de forma um tanto quanto generalizada (a cultura européia, a cultura xavante). Já a segunda, diz respeito aos pormenores de cada grupo (considera-se que dentro da cultura européia existam franceses, italianos, alemães e portugueses comendo, se vestindo, falando e agindo de maneira diferente entre si).


José Luiz dos Santos escreve sobre a classificação recebida por cada cultura. Algumas são consideradas mais avançadas, outras menos e há aquelas em estágio de selvageria. Seguindo o padrão europeu, os grupos são classificados. Segue-se esse padrão porque se acredita na superioridade do europeu. Acredita-se que, por ele ser mais avançado em alguns aspectos (como a economia, por exemplo), ele seja superior. Aí começa um grande erro da sociedade.


Biologicamente falando, os humanos foram se reproduzindo, dando origem a novas pessoas. Essas novas pessoas logo se tornaram milhões. Passaram então a casa dos bilhões e foram se distribuindo pelo planeta, atingindo dimensões continentais. Não se pode pensar na homogeneidade de pensamentos, ações, alimentação, costumes e crenças em um espaço tão grande e com um número crescente de pessoas.


Cada grupo se desenvolve de acordo com as necessidades do lugar em que nasceu. Usa esta ou aquela roupa, de acordo com a temperatura do lugar e se alimenta dos alimentos disponíveis. São grupos vivendo separadamente. São grupos que sabem de suas próprias necessidades. Não se podem hierarquizar culturas. Um grupo de agricultores não é mais avançado que um grupo nômade porque sabe plantar seu próprio alimento. Assim como o nômade não pode ser considerado mais avançado por conhecer mais lugares que o agricultor. São desenvolvimentos em áreas diferentes.


Alem disso, é muito comum o uso do “modo geral”. A cultura brasileira não pode ser vista como algo homogêneo. O Brasil é uma nação. Dentro dessa nação existem grupos agindo de maneiras diferentes, há culturas diferentes. O sulista pode não concordar com o modo de vida do nordestino. São maneiras de pensar diferentes, mas que pensam num mesmo espaço chamado nação. A empregada doméstica não ganha o salário de uma advogada e tampouco vivem de maneiras parecidas, mas estão inseridas em um mesmo contexto e podem, inclusive, construir uma relação profissional.


A palavra cultura pode designar o oposto à barbárie e pode ser a alta cultura. No primeiro caso, ela vem como sendo marca registrada da civilização. Este ou aquele é um país culto seria o mesmo que inferir a ele um título de país civilizado. Já no segundo caso, diz respeito à posição digna de nota e admiração por ser o oposto a falta de conhecimento (domínio da língua escrita, por exemplo) e de religião. Durante muito tempo cultura e civilização tinham o mesmo significado.


Com o passar do tempo e depois de muitas discussões, o mundo passou a admitir outros conceitos de cultura. Foi deixando de ser sinônimo de civilização para ser marca registrada do ser humano. Todas as pessoas possuem cultura. Alguns países produzem mais algodão, outros produzem mais cana. Algumas pessoas são excelentes escritoras, outras tocam um violão como ninguém. É nesse contexto que a cultura popular aparece, dividindo o espaço com a cultura erudita (até então aceita como única e absoluta).


Entrando um pouco na parte jornalística, a comunicação de massa é um dos grandes responsáveis pela homogeneidade dos padrões de vida de um grupo. Isso acontece principalmente em sociedades capitalistas em que o consumo deve acompanhar o crescimento da indústria e não o contrário. Esse tipo de comunicação consegue atingir a todos (ou pelo menos grande parte do público) de maneira igual, de modo que a classe social, raças e crenças não são levadas em conta. Dessa maneira todos se sentem membros de uma mesma cultura e com essa sensação de igualdade, o publico se adere àquilo que lhe é passado.


Os meios de comunicação são formas poderosas de padronizar uma cultura. Eles parecem atingir cada pessoa individualmente, fazendo-a pensar como querem que ela pense.
No caso da cultura nacional, pode-se dizer que mesmo nação e cultura tendo dois significados distintos elas estão interligadas, pois ambas são decorrências de fatos históricos. A cultura nacional de uma determinada nação é reflexo de todo um contexto.


No Brasil, fala-se muito do ‘jeitinho brasileiro’. Em meio a problemas como fome e falcatruas da política, o povo começou a se adaptar desde cedo a esse tipo de situação, driblando as dificuldades. Isso pode conferir ao Brasil um ar de conformismo, como se as pessoas tivessem se acomodado diante de situações “sem solução”. Isso é uma das características brasileiras aos olhos da própria nação e aos olhos de outros povos também. O jeitinho brasileiro é cultura comum.


Cada vez mais a cultura é ligada ao poder. A cada dia o espaço para discussões a cerca do que seja cultura, tem aumentado. E não é à toa. Sendo sinal de poder, ela deve ser entendida para ser controlada. Cultura está ligada também a economia já que em suas varias formas, ela acaba trazendo o lucro. Existem empresas públicas cuidando dessa área, inclusive.


Em resumo, o que se vê no livro de José Luiz dos Santos são as mudanças sofridas pela definição de cultura ao longo do tempo, os equívocos cometidos ao se afirmar que esta ou aquela cultura é mais avançada e o uso dessa afirmação para hierarquizar os povos. Não chegamos ainda a um denominador comum sobre esse assunto. Mas com as várias pesquisas pode-se observar que a cultura não é algo permanente. Ela muda o tempo todo. Isso explica inclusive a celebre frase repetida pelos mais velhos: “... mas no meu tempo não era assim”.

Competência punida

No mês de setembro, a Polícia Federal de Brasília pediu a prisão da jornalista Andrea Michael. Ela foi acusada de divulgar informações sigilosas a respeito da operação Satiagraha. O pedido de prisão da PF faz parte desta Operação. Isso levantou discussões a respeito do assunto: ela estava certa ao divulgar dados sigilosos? A quebra de sigilo é crime, mas ela é jornalista. Os jornalistas Paulo José Cunha (Comitê de Imprensa), Vannildo Mendes (O Estado de São Paulo) e Fábio Vannuzio (Rede Bandeirantes) fazem uma mesa redonda para analisar a situação de Andrea.
De acordo com Mendes, a investigação feita por Andrea é a prática jornalística. “A obrigação de segurar a informação é deles (justiça). A nossa é de investigar e divulgar”. Não cabe a ela esperar que a Operação termine para ser divulgada qualquer notícia a cerca do assunto. O papel do jornalista é ser o elo entre a população e o ocorrido.
Nesse contexto, a mesa redonda se desenvolve. A quebra de sigilo não foi da jornalista. Muito provavelmente, essa informação partiu de alguém responsável por proteger essas informações. Ela apenas usou isso como gancho para fazer o que os jornalistas chamam de furo de reportagem. Pode não ter dado muito certo, mas ela realizou sua função com a competência que se espera de um (a) jornalista.

Procura-se estágio!


Você procura estágio? Bem-vindo a leitura desse texto então. Nossa, como é difícil! Se for procurar pelo método convencional, de cara eles te pedem um currículo. Agora, me explica uma coisa: que currículo tem uma pessoa de 18 anos que acaba de sair da casa dos pais (ou não) e leva a vida corrida de um universitário?

De atendente de loja a assessor-executivo de algum político, todos querem o tal currículo. Além de um bom curso de inglês, de alguns cursos práticos na sua área de atuação, estar cursando pelo menos o 4° semestre do seu curso, de um bom papo, de um pouco de beleza (não em todos os casos, mas é bom também), um pouco (muito) talento e agilidade, é de fundamental importância que você tenha também um bom QI.

O nosso velho e conhecido QI é aquela pessoa com um pouco de influencia e que é amigo do tio da nora da sobrinha do seu futuro chefe. Seu futuro chefe também pode ser seu QI antes mesmo de ser seu chefe (entendeu, né?). Até faz sentido se considerarmos que os bons merecem os melhores lugares... Mas seria interessante que essa onda de influencias fosse deixada um pouco de lado. Ainda mais em relação a universitários que estão começando.
Deixem os verdadeiros talentos aparecerem naturalmente. Senhores empregadores, o beneficio desse tipo de contratação vem em longo prazo. Dêem espaço para nós, universitários iniciantes, mostrarmos que mesmo sem um bom QI, nos sobra eficiência. E tenho dito.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Cultura, Heróis e Mitos

Super Homem, Homem Aranha, Tiradentes, Quilombo dos Palmares, Pelé, Ronaldinho. O que eles têm em comum? Todos são vistos como heróis. Sempre pelos mesmos motivos? Talvez não. Mas são admirados por agirem de maneira diferente. Por fazerem coisas que um ser “comum” não faria.

Cada ser humano nasce em uma determinada família, em um determinado lugar, em uma determinada época. Assim que vem ao mundo, tudo ao seu redor já está formado. Tudo já lhe está sendo imposto. Ele acredita que agir desta ou daquela maneira seja certo. Acredita que isto ou aquilo é melhor para ele. Aprende determinadas coisas, adquire conhecimentos, valores. Tem um tipo de vestimenta, um tipo de alimentação, uma crença. Cada indivíduo tem sua própria cultura.

Quando “caímos de pára-quedas” no mundo, a tendência é seguirmos o que ali já está implantado desde antes da nossa chegada. Fazemos isso porque se agirmos de outra maneira, podem nos condenar. Podem nos excluir desse ambiente. Não podemos fugir a regra. E não podemos pelo simples fato de termos medo. Medo do desamparo. Medo do desconhecido.

Mas nessa mesma sociedade, dentro dessa mesma cultura, há sempre alguém que vai contra tudo (ou quase tudo) que lhe foi imposto. Passamos a acreditar que essa pessoa é diferente. Ela já não está alienada como os demais. Talvez a partir daí surja o herói.

Um herói pode nascer de várias formas. Ser aquele de histórias em quadrinhos e das telas do cinema. Aquele dotado de algum super poder, que luta pela justiça e pela igualdade. Mas ele também pode ser herói por ter morrido pelo bem comum, por ter arriscado a vida para mudar uma situação. Ele pode ser herói por representar uma minoria marginalizada (e ser notado e respeitado até mesmo e, principalmente, pela maioria privilegiada).

Heróis e anti-heróis existem. O que ninguém entende é que heróis erram, têm suas fraquezas. Ninguém entende que “os heróis também podem chorar”. O que ninguém entende é que aquele tachado como o anti-herói nem sempre está errado. O que todos querem é que herói seja perfeito. Querem que ele passe da sua condição de humano.

Quando se fala em mitos, a figura que se tem em mente a respeito de seus personagens é a de pessoas belas, pessoas perfeitas. Pessoas que, quando erram, tem uma oportunidade de se redimir. Os mitos são usados para buscar no imaginário aquilo que na realidade não existe.

Cada povo cria seu perfil de herói de acordo com a sua cultura e principalmente, de acordo com as suas necessidades e desejos. Um herói só é herói porque faz aquilo que ninguém mais consegue ou tem coragem de fazer.

Cultura, mitos e heróis são palavras diretamente ligadas. Cada povo tem sua cultura. Cada cultura tem seus mitos. Cada mito tem seus heróis. Salve a cultura brasileira com seu futebol arte e seus mitos... seus heróis!