Raduan Nassar escreveu Lavoura Arcaica em 1975. Com um estilo ziguezagueante e narrado em primeira pessoa, o livro conta a história de André. O personagem conta sua vida de uma maneira não cronológica, indo e voltando da infância até o momento em que vive. O livro é divido em duas partes: A partida e O Retorno. Ele foge de casa e abandona uma família de agricultores ainda regida pelo sistema patriarcal. Anos depois, quando seu irmão Pedro o encontra, André conta a ele as razões que o fizeram sair de casa. Pedro então o convence a voltar para casa e para a família.
André vivia a frente de seu tempo. Não agüentava mais o meio rural. Para ele, as gerações se perdiam no tempo. Nada de novo acontecia. Não concordava com o sistema arcaico e rígido em que seu pai vivia e educava a família. Com freqüência, comparava a forma carinhosa como sua mãe o tratava e a dureza das palavras e atitudes de seu pai.
Além das discórdias com seu pai, André alimenta uma paixão platônica e incestuosa por sua irmã Ana. Isso o atormenta e o consome durante anos e é um motivo a mais para sua partida. Essa paixão levanta a discussão que sonda os relacionamentos entre membros de uma mesma família.
Quando o protagonista resolve abandonar a casa, ele coloca em risco todo o equilíbrio da família. Esta, por sua vez, é permeada pela forte presença da religião e pela severidade patriarcal. É aí que o pai de André resolve mandar Pedro, o filho mais velho, em busca do ‘filho pródigo’. Pedro o encontra em uma pensão, numa cidade também interiorana.
Ao conversarem, André explica porque saiu de casa. Sem revelar seus sentimentos e desejos por Ana, pergunta sobre ela ao irmão que traz noticias. Pedro explica a situação da família. Diz que a mãe sofre muito com sua partida e que o clã está em decadência desde que ele saiu de casa.
Depois de muita explicação e conversa com André, Pedro o convence a voltar para casa.
Ao retornar, André é recebido com grande entusiasmo por todos. Uma longa conversa com o pai e a festa que lhe foi preparada só comprovam a distância das idéias e opiniões entre os dois. Ao reencontrar Ana, André percebe que seus sentimentos por ela não mudaram em nada. Pelo contrário: a paixão vem à tona com uma força ainda maior.
Quando o pai percebe que Ana também é apaixonada por André, ele mata a filha. Ana é um pivô na trama do começo ao fim. O pai também morre no final do livro, mas não fica explicita a razão. Como se isso não bastasse, seu irmão caçula (Lula), pretende deixar a fazenda e procurar novas oportunidades em outros lugares. É o êxodo rural fazendo parte da narração.
O livro conta com uma linguagem quase poética. É possível imaginar cada cena de forma intensa. Beleza, erotismo e drama são qualidades dessa narração. As divergências entre os ideais de membros da mesma família são colocadas em xeque. A paixão entre parentes também é assunto.
O interessante desse livro é que todos os dramas nele descritos podem ser trazidos para os dias atuais. Não são fatos que foram motivos de discórdia apenas no passado.
André busca uma individualidade dentro da família, mas ao mesmo tempo quer ‘seu lugar à mesa’. Pessoas hoje ainda vivem esse dilema. Os filhos querem a liberdade de sair da casa dos pais, mas sabem o que espera por eles. Um leque de responsabilidades e dúvidas se abre ao sair da proteção da casa dos pais.
Ao retornar, André é recebido com grande entusiasmo por todos. Uma longa conversa com o pai e a festa que lhe foi preparada só comprovam a distância das idéias e opiniões entre os dois. Ao reencontrar Ana, André percebe que seus sentimentos por ela não mudaram em nada. Pelo contrário: a paixão vem à tona com uma força ainda maior.
Quando o pai percebe que Ana também é apaixonada por André, ele mata a filha. Ana é um pivô na trama do começo ao fim. O pai também morre no final do livro, mas não fica explicita a razão. Como se isso não bastasse, seu irmão caçula (Lula), pretende deixar a fazenda e procurar novas oportunidades em outros lugares. É o êxodo rural fazendo parte da narração.
O livro conta com uma linguagem quase poética. É possível imaginar cada cena de forma intensa. Beleza, erotismo e drama são qualidades dessa narração. As divergências entre os ideais de membros da mesma família são colocadas em xeque. A paixão entre parentes também é assunto.
O interessante desse livro é que todos os dramas nele descritos podem ser trazidos para os dias atuais. Não são fatos que foram motivos de discórdia apenas no passado.
André busca uma individualidade dentro da família, mas ao mesmo tempo quer ‘seu lugar à mesa’. Pessoas hoje ainda vivem esse dilema. Os filhos querem a liberdade de sair da casa dos pais, mas sabem o que espera por eles. Um leque de responsabilidades e dúvidas se abre ao sair da proteção da casa dos pais.
Em relação à forma como o pai educa os filhos e como a família é submissa a ele, também são características de dias atuais. Talvez não com a mesma rigidez nem por conta dos mesmos valores, mas há famílias parecidas com a de André ainda hoje. Quando um grupo é regido pela presença marcante da religião, por exemplo, é normal que os casamentos sejam realizados somente entre famílias com os mesmos dogmas. O mesmo acontece em relação às etnias: são aceitas apenas as uniões de pessoas do mesmo grupo.
O tabu que existe entre a união de membros da mesma família, persiste. Casamento entre primos, por exemplo, não são bem vistos. Além do cunho moral, a genética é imposta. A união entre pessoas de um mesmo grupo pode proporcionar com mais facilidade o desenvolvimento de doenças hereditárias. Isso se agrava quando acontece entre irmãos nos dois aspectos.
André deixa a fazenda por conta dessa paixão e por acreditar que seu lugar não era ali. Parte para outro município interiorano em busca de novas oportunidades. Isso é o que acontece com muitas pessoas no país. Até pouco tempo, a maior parte da população brasileira morava em meio rural. O fenômeno do êxodo é recente. Muitas pessoas seguem essa idéia. Buscam uma melhora nas condições de vida.
Lula é seu irmão caçula e revolve seguir seus passos ainda que isso não fique bem claro na narração. É o que acontece: quando um tem a coragem de buscar algo melhor, mesmo que não dê certo, tem sempre alguém disposto a segui-lo e tentar. O mundo evolui e aqueles que acreditam e vivem nessa evolução não se acomodam no tempo. Se necessário, batem de frente com gerações passadas como foi o caso de André.
Lavoura Arcaica é instigante porque seus leitores acabam se identificando com os personagens em algum momento. São acontecimentos não raros que podem fazer parte da vida de qualquer pessoa em alguma medida.
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