segunda-feira, 6 de abril de 2009

pai rico, filho pobre (de espírito)

“Nápoles, Itália, verão de 1924. Alegre, recém-chegado do Brasil, o conde Francesco Matarazzo entra na alfaiataria predileta. Confere as medidas, examina dezenas de cortes de casimira inglesa, escolhe um. O velho alfaiate estranha:

- Só um terno, senhor conde? Vosso filho mandou fazer meia dúzia hoje de manhã.
- Ele tem pai rico, eu não.”

É esse o prefácio do livro Matarazzo [a travessia], de Ronaldo Costa Couto. A resposta do senhor Matarazzo não precisa de maiores comentários. Lembrei-me dessa passagem depois de assistir a um vídeo indicado por um amigo. Nele, um repórter chamado Élcio Coronato sai pela noite em busca de jovens. Ele apenas quer saber quanto eles gastam em uma noite. E a resposta me envergonha.

Um deles diz que quando bebe moderadamente o gasto é de 150 reais, em média. Um segundo rapaz dá o valor de 200 reais. A pergunta vai então para uma jovem. A resposta me quebrou... 500 reais é o que ela gasta em uma noite. Quando o repórter pergunta quem banca, ela dá uma resposta ainda mais vergonhosa: “meu pai.” Eu definitivamente não entendo.

O salário mínimo está em 465 reais. Normalmente, esse valor vai sustentar uma família inteira durante um mês. Aí vem alguém com vinte e poucos anos, sustentado pelos pais, dizer para quem quiser ouvir que ele gasta 100, 200, 500 reais cada vez que sai de casa. Pagam por uma bebida até seis vezes mais que o seu custo real. Burrice agora é sinal de riqueza (e popularidade).

Mas vem cá... quem é que merece um castigo por isso? Sim, porque como a menina aí em cima disse, é o pai quem banca. E não adianta dizer que muitas vezes os pais não sabem como os filhos gastam o dinheiro. Essa é a velha muleta do aleijado. É mais fácil dizer que não sabe pra onde vai o dinheiro, que negar algo aos filhos. Beeeela formação de cidadãos!

As pessoas perderam a noção do que é sofrer para conquistar um patrimônio. Especialmente aquelas que se utilizam dele sem nem saber de onde veio. Acho que agora está explicado porque um dos jovens rasgou 150 reais dizendo que era “MIXARIA ESSA MERDA AÍ.” De fato. Abrir a carteira do “paitrocinador” é bem rentável e não é lá um serviço árduo.

Ah sim, e lembrando: http://ow.ly/2b6y esse é o site para quem quiser entender bem a minha revolta. Aos que acham que isso é uma crítica, só para confirmar e reforçar a idéia, digo que de fato É UMA CRÍTICA. Obrigada.

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